Excerto de um diálogo ao final do dia entre o filho, de 13 anos, e o pai:
filho (muito contente a entrar em casa): “pai, pai… tirei muito bom no teste de matemática!” pai: “parabéns meu filho… és muito inteligente”. Perguntarão "onde está a violência do elogio que o pai deu ao filho?" Precisamos de nos colocar no lugar do filho e sentir o seu diálogo interno, a mensagem escondida na resposta do pai. “Sou inteligente porque tirei muito bom. Se eu tivesse tirado negativa…” Aquela frase foi-lhe dita pelo pai e fica indelevelmente registada na sua memória. O seu valor fica associado aos resultados por ele obtidos, e quando os resultados obtidos não forem bons poderá sentir baixa autoestima, vergonha, culpa, medo do fracasso… é este o resultado dos elogios, quando não se é suficientemente bom aos olhos dos outros. O elogio e a crítica são duas faces da mesma moeda, e têm subjacente a classificação entre o bem e o mal. Se estamos do lado do bem merecemos elogio e recompensa. Se estamos do lado do mal merecemos crítica e punição. É neste paradigma que crescemos e somos educados. É por esta razão que as pessoas discutem, que os partidos esgrimem argumentos entre si (para serem melhores que os outros), que países declaram guerra a outros (porque os consideram maus) … e o planeta está como está. E poderemos perguntar “E então?... vamos acabar com os elogios?” Sim!... vamos acabar com os elogios, com as críticas, com as comparações, com os julgamentos… Vamos exprimir, de forma verdadeira aquilo que estamos a sentir e as nossas necessidades. Vamos ser verdadeiros! Não fomos educados para isso, mas nunca é tarde para começar. Entre as muitas possibilidades, o pai poderia ter respondido: “meu querido, tiraste muito bom a matemática e isso faz-me sentir uma enorme alegria e felicidade, porque me sinto seguro de que estou a contribuir de forma positiva para o teu crescimento e para o teu futuro.” Esta é uma forma de mostrar apreço pelo outro, sem elogiar: referimos o facto concreto (a nota do teste), os sentimentos que isso desencadeou em nós (alegria e felicidade) e as necessidades que foram preenchidas (contribuição para o crescimento do filho). Desafio: tenta adivinhar qual a mensagem que o que o filho poderia ter escutado se o pai lhe tivesse dado as seguintes respostas? “Não fizeste mais que a tua obrigação!” “Parabéns… amo-te muito!”
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