Crescemos segundo o modelo educativo do “bem” e do “mal” e da recompensa e do castigo, o que nos conduziu a padrões de competição, de avaliação e de julgamento do outro. Perdemos a conexão com o outro e, frequentemente, connosco próprios. Muitas vezes decidimos não comunicar por medo de frustrações e mal-entendidos que não compreendemos como se originam.
A CNV é uma metodologia que utiliza ferramentas práticas para melhorar a comunicação, reduzir conflitos e aumentar a compreensão e a conexão entre as pessoas, envolvendo-nos num processo de reflexão e de aprendizagem relacionado com o modo como comunicamos e como o podemos fazer de uma forma mais assertiva e em coerência com os nossos valores. Trata-se de reaprendermos a comunicar, libertando-nos dos velhos padrões que nos foram transmitidos pelos nossos pais, pela sociedade e pela escola, honrando aquilo que está vivo em nós e respeitando o outro. A prática da CNV altera a nossa forma de sentir, de pensar e de responder aos estímulos exteriores. Coloca-nos numa posição privilegiada para resolver conflitos, mesmo antes que eles surjam, e origina relações mais pacíficas e harmoniosas. |
Os 4 passos da CNV
Observação Consiste na observação do que está realmente a acontecer, de forma objetiva. Trata-se de um processo mental que, feito de forma consciente, nos permite filtrar as nossas crenças, pensamentos e julgamentos. Quando conseguirmos observar sem julgar estamos aptos a receber qualquer crítica. Sentimentos Trata-se de identificar os sentimentos que a situação originou e exprimi-los de forma clara, honesta e responsável, sem medo de parecermos vulneráveis. Sentimentos não expressos transformam-se em pesos que carregamos pela vida. Necessidades Depois de tomarmos consciência do que estamos a sentir, podemos identificar as necessidades que não estão satisfeitas, que estão na sua origem. Pedidos A última fase da CNV consiste em realizar um pedido, de forma clara, positiva e concreta, daquilo que queremos, e que enriquece a nossa vida e a do outro. |
Natural dos Estados Unidos da América, Marshall Rosenberg nasceu em Canton (estado do Novo México) em 6 de outubro de 1934 e faleceu em 7 de fevereiro de 2015. Com família de origem judia, aos 8 anos os pais mudaram para Detroit (estado do Michigan), uma semana antes de 34 pessoas terem sido assassinadas e 433 feridas, durante os conflitos raciais.
Cresceu com pergunta: “Por que é que as pessoas se agridem umas às outras?” Em 1961 concluiu o doutoramento em psicologia clínica pela Universidade de Wisconsin - Madison. No começo dos anos sessenta, em sintonia com o movimento dos direitos civis americanos, Rosenberg começou a trabalhar como orientador educacional em escolas e universidades que abandonavam o regime de segregação racial vigente, processo este que não foi pacífico. Envolveu-se na luta pelos direitos humanos, contra o racismo e o sexismo. Durante este período de grandes tensões sociais, Rosenberg promovia a arbitragem e o treino em técnicas comunicativas. Foi neste pano de fundo que desenvolveu a Comunicação Não Violenta, com o objetivo de educar grandes massas de pessoas para a Não-Violência, rapidamente e com pouco dinheiro. A Comunicação Não-Violenta serve de guia para a resolução de conflitos em mais de 65 países. É também aplicada no desenvolvimento de novos sistemas sociais, orientados para a parceria e para a partilha de poder, principalmente na área de educação e da justiça. Os Círculos Restaurativos, utilizados na Justiça Restaurativa, aplicada em mais que 11 países, utiliza os princípios da Comunicação Não Violenta. Rosenberg viajou pelo mundo para mediar conflitos e levar programas de paz a regiões assoladas por guerras, como a Sérvia, a Croácia, a Nigéria, o Ruanda e o Médio-Oriente. |